“o boneco tem uma vida. O boneco é ser misterioso, feito à nossa imagem e semelhança, um ente à parte em torno do qual pode-se construir o mundo. É arbitrário e poético”. (Hermilo Borba Filho )
Esta é uma proposta de produção de bonecas com identidade afro-brasileira, em vez do retrato habitual, muitas vezes ligado a uma imagem estereotipada do negro: nega maluca, bonecas totalmente pretas e com formas rudes. Desta forma, as bonecas quilombolas são uma proposta de valorização do patrimônio imaterial afro-brasileiro, com a produção de um artefato permeado por um imaginário de luta e resistência de uma cultura.
Na língua Banto, Quilombo significa povoação - núcleos habitacionais e comerciais, entretanto no Brasil, tornou-se sinônimo de luta e resistência. Os quilombolas detém direitos culturais e históricos assegurados pela Constituição Federal e com a promulgação desta em 1988 (artigos 215 e 216) reconhece a propriedade definitiva da terra ocupada por estas populações, sendo dever do Estado emitir-lhes os respectivos títulos de posse. No Brasil já foram identificados 2.460 comunidades quilombolas, entretanto somente 860 destas receberam a titulação das terras.
Onde saber mais:
Fundação Palmares - www.palmares.gov.br
Quilombos do Ribeira - www.quilombosdoribeira.org.br
Alguns livros:
SÃO PAULO (Estado). Quilombos em São Paulo – tradições, direitos e lutas. Instituto de Terra do Estado de São Paulo/IMESP – 1997.
GOMES, Flávio S. A Hidra e os Pântanos – Mocambos, Quilombos e Comunidades de fugitivos no Brasil (Sec. XVII-XIX). Unesp/Polis. 2005.
LEITE, Ilka Boaventura. O Legado do Testamento – A comunidade de Casca em Perícia. UFRGS/NUER, 2004.